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Japão registra primeiro déficit na balança comercial em 31 anos


TÓQUIO - Mesmo já estando acostumados a notícias ruins num cenário de estagnação econômica que se arrasta há anos, os japoneses sofreram um duro golpe diante da confirmação de que, pela primeira vez em 31 anos, o país registrou um déficit comercial anual. A herança deixada pelo desastre nuclear de Fukushima e uma moeda altamente valorizada estão entre as principais razões do desempenho comercial negativo - uma rasteira na economia que se transformou em potência graças à força de suas exportações.

O aumento nas importações de petróleo, consequência da crise energética provocada pela catástrofe de 11 de março, pesou no déficit de 2,49 trilhões de ienes (US$ 32 bilhões) em 2011. Afetadas pelo colapso na cadeia de fornecimento, a instabilidade na zona do euro e um iene com valor recorde, as exportações do Japão caíram 2,7%, para US$ 842 bilhões. O país já viu índices piores (em 2009 a redução chegou a 33%), mas as importações em 2011 subiram demais: 12%, fechando em US$ 874 bilhões. O anúncio de que a balança fechou no vermelho foi definido por analistas como o fim de uma era.

Os produtos made in Japan, que invadiram mercados do Oriente ao Ocidente nas últimas décadas, estão vendo sua competitividade evaporar. Segundo o governo, a última vez que o país registrou déficit comercial foi em 1980 (2,6 trilhões de ienes), quando o mundo enfrentou uma disparada nos preços do petróleo. Com um déficit público que chega a 200% do PIB, o maior do mundo industrializado, as perspectivas não são otimistas para a terceira maior economia do planeta.

_ Os japoneses acreditavam que a crise do euro não era um problema deles, porque mantínham o superávit comercial e podíam financiar a dívida pública, mas já não se pode pensar assim. O Japão continuará a registrar déficits ao longo de 2012, principalmente por causa das usinas nucleares paradas. A importação de combustível continuará subindo _ disse Hiromichi Shirakawa , economista-chefe do Credit Suisse no Japão.

Desde que a tsunami provocou o mais grave acidente nuclear da história desde Chernobyl, 49 dos 54 reatores do país foram desligados. O governo tem feito pressão pela reabertura das centrais, mas autoridades locais e a população resistem. Em busca de outras fontes de energia, o Japão se voltou para o Oriente Médio. As importações de petróleo subiram 21% e as de gás, 37%, em comparação a 2010.

Mesmo que a crise energética seja temporária, há outros obstáculos, além de uma demanda mundial enfraquecida, que complicam o quadro econômico no Japão. As indústrias estão movendo sua produção para fora do país, fugindo dos altos custos. O rápido envelhecimento da população consome a poupança acumulada nos anos do chamado milagre japonês, um tempo cada vez mais distante.

- Não há saída fácil. Nós nos acostumamos, desde os anos 90, a um crescimento global mais ou menos sincronizado, mesmo que, depois da crise de 2008, as economias emergentes tenham se saído melhor que o mundo industrializado. A nostalgia pela maré que empurra o mundo todo numa única direção tem que acabar. Isso não existe mais. Haverá grandes e crescentes diferenças entre cada país _ acredita Jesper Koll, diretor do JP Morgan no Japão.

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